quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Viado cagão!"

 Não há homofobia se você não se comportar como gay, mas não há igualdade se você não puder ser você mesmo por medo. Deixe esse seu enfadonho cagaço de lado e vá enfrentar o mundo! 

Não, não é pra sair por aí esfregando o Edi em faces alheias, não se trata de sem-vergonhice em público - ou sim, mas sendo, é uma sem-vergonhice aceita, aliás, é uma sem-vergonhice que até passa despercebida - falo de demonstrações públicas de afeto, falo de beijos, abraços, mãos dadas e essa frescura toda, frescura essa que cansamos de ver sendo realizada e até extrapolada por casais hétero em toda a parte; Shoppings, terminais, ônibus, ruas, praças, escolas e aonde vão os pombinhos. É extremamente raro e até me é estranho ver um casal gay nessas situações, a maioria deles, por medo da homofobia e da violência, preferem se comportar como amigos, sem mãos dadas, sem beijos e sem a semi-putaria que é tão comum entre casais apaixonados. Já não bastasse ser raro ver um casal gay, é quase impossível ver os mesmos se comportando como tal. A maioria escolhe um comportamento "escroto-tele novelesco" em que os dois interpretam uma dupla de amiguinhos. Esse comportamento não só ajuda a sustentar o já tão bem criado preconceito, como também ajuda a reprimir todos os direitos que dizem respeito à igualdade sexual. O que eu vou dizer pode e provavelmente tem uma parcela de loucura, mas se não houverem denúncias por homofobia, processos e babados, estaremos fadados ao fingimento eterno e a involução da aceitação de homossexuais por parte da sociedade. Se você acha que não é adequado uma criança te ver de mãos dadas com uma pessoa do mesmo sexo, e acha que é comum ela ver uma casal hétero em quase coito na rua, é melhor você rever seus conceitos de bons costumes. E se você, pai tem essa mesma ideia é melhor você parar de criar um filho babaca, e ensinar pra ele que amor é amor, independente de tudo, o amor é universal e livre. Livre de tudo. Menos da babaquice do homem, que faz questão de tornar algo tão natural, um verdadeiro escândalo.
  Em suma: Se vocês forem namorados e não se comportarem como namorados, nunca serão vistos nem aceitos como namorados, e se não forem vistos nem aceitos, jamais terão coragem de agir como namorados. Entenderam? 

15 comentários:

  1. entendi!
    Concordo com vc.

    OS NAMORADOS GAYS PODEM E DEVEM EXPRESSAR O AMOR QUE SENTEM LIVREMENTE. ASSIM PODERÃO, POUCO A POUCO, DEMONSTRANDO QUE O AMOR É ALGO HUMANO E NATURAL.
    A BATALHA CONTRA O PRECONCEITO É GRANDE. MAS A RECOMPENSA É MAIOR!

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  2. Own que lindo, EU TE AMO MUITO MEU BIEL E VC SABE, EU DECLARO ISSO AO MUNDO INTEIRO.
    TE AMO

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  3. Prezado amigo Biel:
    (espero que o seu Jean não fique muito brabo)

    Concordo integralmente mas permita-me discordar só um pouquinho.
    Como exigir que o povo LGBT são se esconda e não se anule, como muitos fazem, se a intolerância e o preconceito se manifestam já na própria família?
    Sei disso porque recebo algumas mensagens que, de um lado, me parabenizam pelo apoio e pelo amor incondicional que dedico ao meu filho mas, de outra banda, dizem que não podem viver sua sexualidade, plenamente, porque suas famílias não os aceitam.
    Eu não gostaria de viver uma situação dessas.

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    1. Olá Paulo!
      Na verdade, é justamente sobre aceitação até mesmo da família. A homossexualidade jamais será vista como algo comum se a geração LGBT atual fingir ser hétero o tempo todo, o que devemos fazer é agir como acharmos melhor. Não ganharemos a luta contra a homofobia fingindo que não somos gays. A ideia parece absurda para muitos, mas, se não houver agressão, não há denúncia, e se continuar assim, viveremos uma homofobia velada, pois haverão falsos héteros e falsos não-babacas.

      Só por curiosidade, como você responde à essas mensagens?

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  4. Primeiro, colocando-me no meu devido lugar, isto é, explico que sou apenas um pai tentando não errar (muito), porque muitos me tratam como seu eu fosse um herói, ou coisa assim, o que é uma bobagem.
    Segundo, tento compreender a decisão daqueles que não podem sair do armário, seja por questões familiares, seja por questões religiosas, seja por questões profissionais.
    Não se esqueça, prezado Gabriel, que a cada 36 horas um LGBTT é assassinado (e em 2012, já foram 12!).
    Não é apenas uma piadinha aqui, ou mesmo uma cara fechada acolá, ou o filho-da-puta do Malafaia deitando merda travestida de pregação religiosa: a homofobia mata!
    Você acompanha meu blog e sabe que não sou de ficar no muro mas, no trato dessa questão, tenho muita dificuldade porque, de um lado, você tem completa razão mas, de outra banda, nós somos nós e nossas circunstâncias, já dizia o Ortega y Gasset.
    Muita gente LGBTT, imagino, não tem ou não pode ter a sua admirável coragem (e a de meu filho), não por covardia, mas por circunstâncias.
    Paulo Roberto Cequinel
    The Fucking Rainbow Ornitorrinco
    PS.: estou orgulhoso pra caralho por ter usado a citação do Ortega y Gasset, fazia uns 10 anos que não utilizava. Te devo esta (põe na conta).

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    1. Pois é Paulo. É realmente triste essa situação. Tenho dezenas de amigos e amigas que não podem sair do armário - ou às vezes apenas confirmar sua óbvia orientação sexual à família - por medo.
      Eu entendo a sua posição e concordo PLENAMENTE com ela. Ninguém pode por em risco sua segurança perante a família enquanto não tiver estabilidade e idade suficiente para sair ou ser expulso de casa. Há muitos e muitos garotos que não podem como o seu filho, como o Jean, como eu simplesmente se assumir para a família, que muitas vezes, como você disse vive sob a filhadaputice travestida do Malafaia. Cada caso é um caso e não podemos generalizar.
      O post foi escrito com foco nos LBGTs já assumidos.
      Tenho esse problema de perder foco e sentido.
      Não me deve porra nenhuma. Vou ter o mesmo orgulho que você, pois acabei de surrupiar a citação.

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  5. Gabriel, prezado amigo:
    Todos perdemos as vezes o foco e o sentido mas essa não é a questão central.
    O que não podemos perder, nunca, é o tesão, a determinação, a paixão e o derramado amor pela vida e pelas pessoas todas, e isso eu sei que você tem de sobra.
    Erramos, eu sei, eu já errei pra caralho, e ainda não errei todos os erros que me cabem, e você vai cometer os erros todos, meu caro, e não se assuste.
    Errando aprendemos, ou não. Aprendendo erramos, ou sim.
    Ou não. Ou sim.
    É que acabo de tomar um belo vinhote chileno, tinto, seco, da cepa carmenere.
    E comi uma formidável batata rosti preparada pelo Jean e pela Sonia.
    E sou torcedor do Coritiba, cujo estádio, NÃO POR ACASO, localiza-se no bairro do ALTO DA GLÓRIA.
    The High Glorius and Green Ornitorrinco Corporation

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  6. Gabriel, gostaria muito de republicar esse seu texto no meu blog, www.nossostons.com, claro com os devidos crédito e um link clicável para o seu blog. Pode ser? Aguardo seu aval.

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    1. Fico honradíssimo em poder ter uma postagem minha publicada em um blog do gabarito que o Nossos Tons tem. Tem toda a minha permissão! Como disse, não será um prazer, será uma honra para mim.

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  7. Vlw Gabriel, e também já coloquei seu link lá no Nossos Tons. Abraços!

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  8. Não tenho outra palavra senão essa, sobre esse texto perfeito e urgente: MARAVILHOSO!
    Parabéns por ser como é e nos ajudar na luta pelos Direitos LGBT!
    Felicidades,
    Ricardo Aguieiras
    aguieiras2002@yahoo.com.br

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  9. Olá estimado Gabriel,

    Passei com duas finalidades: Conhecer o conteúdo do seu blog e lhe agradecer o comentário, que deixou em meu blog.
    O tema do texto é forte e a maneira como está escrito e como termina é, igualmente, determinada.
    Mas, Gabriel, se lembre, que não é aquele que mais "grita", e diz palavra muito grande, palavrão, que é detentor de toda a razão.

    Boa semana.
    Abraço.

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  10. Luz alumia-nos com suas palavras de prudência, e ela tem lá alguma razão, ou toda, sei lá.
    Sou pai de um menino gay que é, todos os dias, suavemente achincalhado por pastores e padres os quais, sem jamais usar qualquer palavra grande, afirmam que meu filho é uma aberração, uma abominação, que constitui uma ameaça não apenas às famílias, mas ao futuro mesmo da humanidade.
    Com efeito, a tropa do atraso agride permanentemente meu filho ainda que garanta, mãos postas, amar os gays, mas não sua sexualidade.
    A tropa do atraso decidiu que a porra da bíblia é mais importante que a própria constituição e lhes confere o bizarro "direito" de humilhar, ofender e de ameaçar meu filho, e a cada 36 horas, Luz, uma pessoa LGBT é assassinada neste país, no mais das vezes com extrema crueldade.
    Eu, pai imperfeito, tenho o dever incontornável de defender até onde me seja possível os valores, a honra, os sentimentos e a vida do meu filho.
    Eu adoraria falar educadamente fininho, com palavras pequenas, com jaguaras como Silas Malafaia, ou como os padrecos de merda da Canção Nova, juro, seria muito mais fácil, menos estressante.
    Mas eu não posso vacilar e não devo, por assim dizer, falar mole com que acaba por legitimar socialmente a violência contra o povo LGBT e contra meu filho.
    A intolerância e o ódio suavemente sussurrados por esta tropa letal constituem ameaça clara ao meu filho e à minha família, de modo que, comigo, LGBT-fobia - especialmente de origem religiosa - será tratada a pontapés, ainda que metafóricos, pelo menos por enquanto.
    Eles, os filhos da puta LGBT é que terão que engolir o que dizem, é que terão envergonhar-se, é que terão que esconder-se.
    Simples assim, prezada Luz. Eu quero meu menino vivo, só isso, e ele tem esse inalienável direito.
    Espero que você não considere que a expressão "inalienável direito" contenha palavras muito grandes.

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  11. Boa noite estimado Paulo,

    Obrigada pela sua rosa vermelha. Fico maravilhada com suas atitudes.
    Sei, da história de seu filho, mas os terrenos, bons ou maus, não devem julgar ninguém.
    A justiça divina far-se-á. Não se apoquente. Seu filho é seu maior tesouro.

    DEUS TARDA, MAS NÃO FALHA.

    "Inalienável direito" é uma palavra justa, correcta, nem grande, nem pequena, isto é, na medida certa.

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