
Num bloco Pedrosa qualquer, num terceiro ano qualquer há um estudante diferente. Veste roupas femininas, tem voz macia, aguda, gesticula como uma distinta dama, mas não é. Na sala frequentada por esse menino, há um grupo de meninos, marginais de classe média oriundos de anos de repetição, que são facilmente explicados pelo comportamento imbecilizado e marginalizado que apresentam. Quando o vejo no corredor, com sua mochila rosa, seu olhar de assustado e atento, sempre vejo também um porco obtuso, atrás dele, gritando coisas como: "Vira homem!", "Bichinha!", "Sai daqui ô viado!". Sempre o vejo no intervalo. Nunca conversamos. Pois eu, o Garoto Diferente, eu Gabriel Antonio, tenho uma imensa dificuldade para iniciar conversas. Vulga falta de ideia, chatice, bobice mesmo. Tenho medo por ele. Pois no mesmo bloco Pedrosa, há a sala da pedagoga. Alguém que, por enquanto se mostrou absolutamente displicente quanto ao assunto.
Pretendo, a partir de hoje, hoje, conversar com ele, descobrir o que está acontecendo à fundo e, se não conseguir fazer com que ele denuncie os abusos, denunciar por ele. Levarei isso a diretoria, ao DP que fica a poucas quadras do colégio, levo isso aonde for. A expulsão deveria ser eminente a esses marginais, criminosos. Mas não é. Eles ainda "estudam" lá, ainda mal tratam, xingam, agridem, e marginalizam o pobre menino, que por ser talvez, outra pessoa por dentro, sofre com o ódio dos que dentro do peito nada tem.
Você tem razão: da parte do pessoal pedagógico, a omissão é a regra. Não foram treinados para lidar com isso - aliás, com quase nada da realidade escolar cotidiana.
ResponderExcluirDuas sugestões: o Disque 100 tem obrigação de acolher e encaminhar denúncias; a denúncia não é apenas do bullying em si, mas também da omissão da direção e coordenação pedagógica.
Segundo, eu sei que os "jovens emergentes" de um lugar costumam não ter simpatia pelas lideranças estabelecidas há tempo nesse mesmo lugar; isso é um fenômeno antropológico, natural. Mas acho que você não deve desconsiderar que o Grupo Dignidade, aí em Curitiba, com certeza tem experiência acumulada sobre o enfrentamento dessas coisas. Inclusive o fundador, o Toni Reis, é o atual presidente da ABGLT. Havendo ou não simpatia por eles, é estratégico, para os mais novos, saberem tirar proveito da experiência acumulada dos mais velhos (o que não significa terem que se submeter à liderança deles). Vc já pensou em conversar com eles a respeito?
Sim, pensei várias e várias vezes sobre conversar, debater com a direção sobre uma atitude certa a se tomar. Mas tornei esse desejo mais forte, após vê-lo sendo agredido próximo à profissionais que trabalham lá. Acho que, pra eles, ver aquele garoto ser agredido já se tornou normal.
ExcluirEstou preocupado com isso. De verdade. Sei aonde o bullying acaba e o que ele acarreta nas vítimas. Estou disposto a lutar.
Porém, como eu disse, por ser displicente, nunca mantivemos contato com a direção. Apenas com a pedagogia. E ela, como você disse, não tem (literalmente) responsabilidade nenhuma.
ResponderExcluirExistem muitos colégios assim. Apesar disso não devemos nos calar em frente a esses casos. Um caso resolvido, aparenta ser pouco, porém pode mudar drasticamente uma vida: A vida desses menino. Os seus perseguidores devem ter punições. A direção da escola precisa tomar uma decisão e uma postura, ela não pode ser concordar com isso. Caso ela permaneça em silêncio também deve ser denunciada.
ResponderExcluirEspero que vc consiga se aproximar desse garoto e ajudá-lo assim como fez comigo. Vc foi e é muito importante pra a minha vida. Vc me mostrou que eu posso lutar pelo que sou. Espero que consiga o mesmo com esse garoto.
Estudo lá no celem, e conte comigo para o que for preciso para denunciar esses enrustidos que não tem o que fazer da vida a não ser perturbar a vida de outras pessoas, que apenas querem ter o direito de viver suas vidas em paz e da maneira que escolheram.Podia ser um filho meu, e isso me deixa muito indignada, pois abomino o preconceito de qualquer forma.
ResponderExcluirOlá Gabriel, eu estudei nesse tal colégio Pedro Macedo por 5 anos da minha vida, e no meu último ano fui agredido somente por ser gótico e me vestir diferente. Mesmo assim eu estou cursando licenciatura numa federal, e em breve serei professor, o que posso te falar é que dou total apoio à sua iniciativa, esse tipo de piada repetitiva e sem graça é CRIME! Além disso dá processo, tente ajudar seu colega, se possível mobilize outras pessoas que também concordam com você, e procurem a sala da coordenação e direção. Se a nossa "querida" diretora não fizer nada, é hora de procurar a Secretaria de Educação e polícia. Força nesse momento! e quanto aos preconceituosos a vida vai ensinar (falo por experiência própria, eu cheguei onde queria, mas os que me zoavam não passam de meros medíocres hoje em dia).
ResponderExcluirooo mano pare de ser gay cara
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